Orós 2
(João Do Vale)
Não é só fala de seca
Não tem só seca no sertão
Quase acabava meu mundo
Quando o Orós impanzinô
Se rebentasse matava
Tudo que a gente plantô
Se não é seca é enchente
Ai, ai, como somo sofredô
Eu só queria saber
O que foi que o Norte fez
Pra vivê nesse pená
Todo nortista é devoto
Não se deita sem rezar
Se não é seca, é enchente, dotô
Que explicação me dá ?
Se o sulista se zangá
Dele eu não tiro a razão
Lá vem a mesma cunversa
Ou ajuda teu irmão
É triste um caboclo forte, dotô,
Ter que estender a mão
Não é só falar de seca
Não tem só seca no sertão ...
Paraíba Preciosa
sábado, 30 de outubro de 2010
Tesouro nacional, a Turmalina Paraíba é uma pedra raríssima
http://www.adorojoias.com.br/tesouro-nacional-a-turmalina-paraiba-e-uma-pedra-rarissima/
4 junho 2010 7 Comentários Por Roberta Rossetto
O Brasil é, mesmo, um país privilegiado em termos de riquezas naturais. Além do verde deslumbrante da Amazônia e das abundantes pedras preciosas e do ouro das Minas Gerais, o país produz ainda outros tesouros, em escala mais rara e ainda mais valiosa. Estou falando de duas pedras especiais, a Turmalina Paraíba e o Topázio Imperial. Hoje vou contar um pouco sobre a primeira:
A história da Turmalina Paraíba é bastante recente. Começou nos anos 80, quando dois garimpeiros da Paraíba encontraram os primeiros exemplares das até então desconhecidas pedras azuis com brilho néon e, formando uma cooperativa, iniciaram o processo de extração.
Trata-se de uma gema rara e muito valiosa, com brilho tamanho que “ascende” no escuro. É a única gema transparente que possui cobre em sua composição, o que lhe confere as cores vibrantes, iluminadas e elétricas. Diz-se que, assim como o sol, essa gema tem luz própria!
Turmalina Paraiba cópia
Em 1990, durante a tradicional feira de Tucson, EUA, teve início a escalada de preços desse mineral. As cotações quintuplicaram em apenas quatro dias. A mística em torno da pedra havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90. Atualmente, no mercado internacional, elas exibem as mais altas cotações do universo gemológico.
Mas porque, afinal, essas gemas alcançam valores tão elevados no mercado? Listo abaixo alguns motivos:
- Produção escassa: há ocorrências em apenas duas regiões do planeta, Brasil e África. Sendo que, sem exageros ufanistas, os exemplares brasileiros têm qualidade e cor incomparáveis;
- Dificuldade de exploração e extração; as condições geológicas em que essa gema é encontrada representam grande desafio para os profissionais da área: a extração deve ser feita manualmente, para evitar qualquer risco de desperdiçar algum material bruto;
- A maioria dos minerais encontrados é muito pequena; Portanto, pedras de qualidade, tamanho médio e grande são raríssimas.
Por Roberta Rossetto
Anel Turmalina Paraiba
4 junho 2010 7 Comentários Por Roberta Rossetto
O Brasil é, mesmo, um país privilegiado em termos de riquezas naturais. Além do verde deslumbrante da Amazônia e das abundantes pedras preciosas e do ouro das Minas Gerais, o país produz ainda outros tesouros, em escala mais rara e ainda mais valiosa. Estou falando de duas pedras especiais, a Turmalina Paraíba e o Topázio Imperial. Hoje vou contar um pouco sobre a primeira:
A história da Turmalina Paraíba é bastante recente. Começou nos anos 80, quando dois garimpeiros da Paraíba encontraram os primeiros exemplares das até então desconhecidas pedras azuis com brilho néon e, formando uma cooperativa, iniciaram o processo de extração.
Trata-se de uma gema rara e muito valiosa, com brilho tamanho que “ascende” no escuro. É a única gema transparente que possui cobre em sua composição, o que lhe confere as cores vibrantes, iluminadas e elétricas. Diz-se que, assim como o sol, essa gema tem luz própria!
Turmalina Paraiba cópia
Em 1990, durante a tradicional feira de Tucson, EUA, teve início a escalada de preços desse mineral. As cotações quintuplicaram em apenas quatro dias. A mística em torno da pedra havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90. Atualmente, no mercado internacional, elas exibem as mais altas cotações do universo gemológico.
Mas porque, afinal, essas gemas alcançam valores tão elevados no mercado? Listo abaixo alguns motivos:
- Produção escassa: há ocorrências em apenas duas regiões do planeta, Brasil e África. Sendo que, sem exageros ufanistas, os exemplares brasileiros têm qualidade e cor incomparáveis;
- Dificuldade de exploração e extração; as condições geológicas em que essa gema é encontrada representam grande desafio para os profissionais da área: a extração deve ser feita manualmente, para evitar qualquer risco de desperdiçar algum material bruto;
- A maioria dos minerais encontrados é muito pequena; Portanto, pedras de qualidade, tamanho médio e grande são raríssimas.
Por Roberta Rossetto
Anel Turmalina Paraiba
Turmalina Paraíba - Biblioteca (Artigos)
http://www.ciadasgemas.com.br/index.php?p=biblioteca_artigos&cod_bib_artigo=50
Turmalina Paraíba
Uma das descobertas mais impressionantes do mundo das gemas ocorreu recentemente no estado da Paraíba, aqui no Brasil. Sob a supervisão do Sr. Heitor Barbosa, a exploração persistente ao longo de sete anos da Mina da Batalha, localizada na proximidade da pequena cidade de São José da Batalha, finalmente resultou em 1988 no achado dos primeiros cristais de uma turmalina de coloração excepcional, cunhada como “Turmalina Paraíba”.
ORIGEM DA COR
As turmalinas são gemas que podem ser encontradas em quase todas as cores do arco-íris (do branco ao negro, inclusive existindo gemas incolores), mas os cristais de turmalina paraíba possuem tonalidades inigualáveis de azul e verde entre as turmalinas, assemelhando-se a cores vistas apenas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e nas penas de pavão (algumas apatitas podem ter coloração parecida). É freqüente que se usem termos como “azul pavão”, “azul turquesa” ou “azul e verde neon” para descrever essas cores tão chamativas. A turmalina paraíba também pode ser encontrada em lindas cores púrpuras e vermelhas, além de em azul profundo (como o de safiras de boa qualidade) e verde mais escuro (como o de esmeraldas de boa qualidade).
Diferindo de outras turmalinas, detecta-se elevado teor de ouro em sua composição (aproximadamente 1200 vezes o encontrado na crosta terrestre) e, enquanto a coloração das turmalinas tradicionais resulta da presença de átomos de ferro, cromo, vanádio e manganês em sua estrutura, a turmalina paraíba deve sua coloração verde e azul principalmente à presença de pequena quantidade de átomos de cobre (podendo receber a denominação mineralógica de “elbaíta cúprica”) e as cores vermelho e púrpura a átomos de manganês.
EXTRAÇÃO MINERAL
Sempre houve enorme dificuldade na exploração da turmalina paraíba. Para encontrá-la, inicialmente foram escavados vários túneis de até sessenta metros de profundidade no Morro Alto (o sítio de escavação) e múltiplas galerias que os interligavam. Uma vez encontrados os primeiros cristais, as escavações se intensificaram, mas a produção sempre foi muito limitada, pois a dificuldade residia na raridade do material, que era encontrado em bolsões ou veios muito finos (às vezes de não mais que um centímetro de espessura). Durante o período de maior produção (até aproximadamente 1993), a maioria dos cristais azuis descobertos pesavam até 1,5 gramas e os verdes não mais que 4 gramas, sendo que quase todas as peças eram encontradas fragmentadas. Raros cristais de qualidade excepcional, variando entre 5 e 25 gramas, alguns inclusive não fragmentados, foram também recuperados.
Desde 1993 a mina original está esgotada e a produção caiu dramaticamente. Existem agora três sítios de exploração:
a) os túneis originais, que foram ampliados e vastamente trabalhados, ainda sem sucesso;
b) a exploração aluvial no leito de pequeno riacho que passa junto ao Morro Alto e que “lava” depósitos do Morro Alto;
c) rede adicional de túneis em outro ponto do Morro Alto.
Dos três sítios citados acima, o que tem maior produção no momento (ainda que em sua maioria de cristais de baixa qualidade) é o aluvial. Para que se possa melhor entender a raridade do material, lembremos que a produção de grande parte dos garimpos no Brasil se expressa em quilos ou toneladas de minerais por mês. Na exploração aluvial de turmalina Paraíba, de cada 4000 toneladas de terra que é recolhida se obtêm aproximadamente 30 a 40 gramas de turmalina e, desses, geralmente apenas 25% tem qualidade razoável.
Apesar dos reduzidos resultados obtidos, a demanda pelo material é tão intensa e seu valor tão elevado que a exploração persiste, sempre na esperança de se encontrar um novo filão e reativar o comércio.
Mais recentemente, em 2001, começaram a aparecer no mercado turmalinas de coloração muito semelhante à da turmalina paraíba, porém procedentes da Nigéria, na África. Esse material é levemente mais claro que as turmalinas de origem brasileira, mas também tem em sua composição átomos de cobre e manganês, o que justifica sua similaridade.
VALOR COMERCIAL
Desde quando as primeiras gemas lapidadas de turmalina paraíba chegaram ao mercado, o material ganhou popularidade e, por sua beleza e raridade, atingiu valores nunca antes pensados para as turmalinas. Gemas acima de 1 ct nas cores azul e verde neon, principalmente, atingiram rapidamente preços de até US$5000.00 por quilate e gemas maiores chegaram a alcançar até mesmo patamares de US$20000.00 por quilate. Pode parecer muito, mas a raridade e as incertezas quanto a sua produção futura são marcantes e essas gemas são consideradas verdadeiros tesouros.
Como curiosidade, a maior turmalina paraíba lapidada existente no mundo pesa 45,11 ct.
Veronica Gandulfo
Turmalina Paraíba
Uma das descobertas mais impressionantes do mundo das gemas ocorreu recentemente no estado da Paraíba, aqui no Brasil. Sob a supervisão do Sr. Heitor Barbosa, a exploração persistente ao longo de sete anos da Mina da Batalha, localizada na proximidade da pequena cidade de São José da Batalha, finalmente resultou em 1988 no achado dos primeiros cristais de uma turmalina de coloração excepcional, cunhada como “Turmalina Paraíba”.
ORIGEM DA COR
As turmalinas são gemas que podem ser encontradas em quase todas as cores do arco-íris (do branco ao negro, inclusive existindo gemas incolores), mas os cristais de turmalina paraíba possuem tonalidades inigualáveis de azul e verde entre as turmalinas, assemelhando-se a cores vistas apenas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e nas penas de pavão (algumas apatitas podem ter coloração parecida). É freqüente que se usem termos como “azul pavão”, “azul turquesa” ou “azul e verde neon” para descrever essas cores tão chamativas. A turmalina paraíba também pode ser encontrada em lindas cores púrpuras e vermelhas, além de em azul profundo (como o de safiras de boa qualidade) e verde mais escuro (como o de esmeraldas de boa qualidade).
Diferindo de outras turmalinas, detecta-se elevado teor de ouro em sua composição (aproximadamente 1200 vezes o encontrado na crosta terrestre) e, enquanto a coloração das turmalinas tradicionais resulta da presença de átomos de ferro, cromo, vanádio e manganês em sua estrutura, a turmalina paraíba deve sua coloração verde e azul principalmente à presença de pequena quantidade de átomos de cobre (podendo receber a denominação mineralógica de “elbaíta cúprica”) e as cores vermelho e púrpura a átomos de manganês.
EXTRAÇÃO MINERAL
Sempre houve enorme dificuldade na exploração da turmalina paraíba. Para encontrá-la, inicialmente foram escavados vários túneis de até sessenta metros de profundidade no Morro Alto (o sítio de escavação) e múltiplas galerias que os interligavam. Uma vez encontrados os primeiros cristais, as escavações se intensificaram, mas a produção sempre foi muito limitada, pois a dificuldade residia na raridade do material, que era encontrado em bolsões ou veios muito finos (às vezes de não mais que um centímetro de espessura). Durante o período de maior produção (até aproximadamente 1993), a maioria dos cristais azuis descobertos pesavam até 1,5 gramas e os verdes não mais que 4 gramas, sendo que quase todas as peças eram encontradas fragmentadas. Raros cristais de qualidade excepcional, variando entre 5 e 25 gramas, alguns inclusive não fragmentados, foram também recuperados.
Desde 1993 a mina original está esgotada e a produção caiu dramaticamente. Existem agora três sítios de exploração:
a) os túneis originais, que foram ampliados e vastamente trabalhados, ainda sem sucesso;
b) a exploração aluvial no leito de pequeno riacho que passa junto ao Morro Alto e que “lava” depósitos do Morro Alto;
c) rede adicional de túneis em outro ponto do Morro Alto.
Dos três sítios citados acima, o que tem maior produção no momento (ainda que em sua maioria de cristais de baixa qualidade) é o aluvial. Para que se possa melhor entender a raridade do material, lembremos que a produção de grande parte dos garimpos no Brasil se expressa em quilos ou toneladas de minerais por mês. Na exploração aluvial de turmalina Paraíba, de cada 4000 toneladas de terra que é recolhida se obtêm aproximadamente 30 a 40 gramas de turmalina e, desses, geralmente apenas 25% tem qualidade razoável.
Apesar dos reduzidos resultados obtidos, a demanda pelo material é tão intensa e seu valor tão elevado que a exploração persiste, sempre na esperança de se encontrar um novo filão e reativar o comércio.
Mais recentemente, em 2001, começaram a aparecer no mercado turmalinas de coloração muito semelhante à da turmalina paraíba, porém procedentes da Nigéria, na África. Esse material é levemente mais claro que as turmalinas de origem brasileira, mas também tem em sua composição átomos de cobre e manganês, o que justifica sua similaridade.
VALOR COMERCIAL
Desde quando as primeiras gemas lapidadas de turmalina paraíba chegaram ao mercado, o material ganhou popularidade e, por sua beleza e raridade, atingiu valores nunca antes pensados para as turmalinas. Gemas acima de 1 ct nas cores azul e verde neon, principalmente, atingiram rapidamente preços de até US$5000.00 por quilate e gemas maiores chegaram a alcançar até mesmo patamares de US$20000.00 por quilate. Pode parecer muito, mas a raridade e as incertezas quanto a sua produção futura são marcantes e essas gemas são consideradas verdadeiros tesouros.
Como curiosidade, a maior turmalina paraíba lapidada existente no mundo pesa 45,11 ct.
Veronica Gandulfo
Paraíba possui a turmalina mais cara do planeta: R$ 100 mil o grama
Domingo, 4 de Maio de 2008 - 11h22
Uma pedra preciosa encontrada somente na Paraíba virou a queridinha de designers de jóias do mundo inteiro. A turmalina paraíba é a turmalina mais cara do mundo e um grama da pedra pode ultrapassar 100 mil dólares (aproximadamente R$ 166,3 mil).
O valor é mais alto do que o de muitas pedras precisas, a exemplo do diamante. Além da mina de São José da Batalha, no interior do Estado, novos indícios da preciosidade surgiram recentemente em uma área próxima – para a alegria de joalheiros e adoradores de jóias.]
O azul incandescente da turmalina paraíba é utilizado pelas grifes mais famosas, a exemplo das brasileiras Amsterdan Sauer e H. Stern, além das internacionais Dior e Tiffay & Co UK.. Fotos de jóias confeccionadas com a pedra ilustram anúncios das joalherias em revistas especializadas nacionais e internacionais.
A turmalina paraíba é praticamente ovacionada em artigo escrito pela editora de Jóias da revista Vogue do Reino Unido, Carol Woolton, e publicado recentemente no site do jornal britânico Financial Times. No segundo parágrafo do texto – que trata das tendências em termos cores de pedras preciosas e semipreciosas – a jornalista questiona o significado da palavra ‘paraíba’.
Leia reportagem completa na edição do Jornal CORREIO deste domingo (4)
Uma pedra preciosa encontrada somente na Paraíba virou a queridinha de designers de jóias do mundo inteiro. A turmalina paraíba é a turmalina mais cara do mundo e um grama da pedra pode ultrapassar 100 mil dólares (aproximadamente R$ 166,3 mil).
O valor é mais alto do que o de muitas pedras precisas, a exemplo do diamante. Além da mina de São José da Batalha, no interior do Estado, novos indícios da preciosidade surgiram recentemente em uma área próxima – para a alegria de joalheiros e adoradores de jóias.]
O azul incandescente da turmalina paraíba é utilizado pelas grifes mais famosas, a exemplo das brasileiras Amsterdan Sauer e H. Stern, além das internacionais Dior e Tiffay & Co UK.. Fotos de jóias confeccionadas com a pedra ilustram anúncios das joalherias em revistas especializadas nacionais e internacionais.
A turmalina paraíba é praticamente ovacionada em artigo escrito pela editora de Jóias da revista Vogue do Reino Unido, Carol Woolton, e publicado recentemente no site do jornal britânico Financial Times. No segundo parágrafo do texto – que trata das tendências em termos cores de pedras preciosas e semipreciosas – a jornalista questiona o significado da palavra ‘paraíba’.
Leia reportagem completa na edição do Jornal CORREIO deste domingo (4)
Contrabando de turmalina leva riquezas da Paraíba
http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matler.asp?newsId=143794
Domingo, 25 de Julho de 2010 - 08h59
Contrabando de turmalina leva riquezas da Paraíba
No dicionário, a palavra batalha é sinônimo de combate, duelo, luta guerra, significados que estão no inconsciente dos paraibanos quando se fala no distrito de São José da Batalha, pertencente ao município de Salgadinho (a 245 quilômetros de João Pessoa).
A região é um dos recantos mais cobiçadas do mundo por mineradores, grandes empresas e contrabandistas, atraídos pela turmalina paraíba. Enquanto um grama da pedra pode custar R$ 50 mil, a maioria dos moradores da cidade sobrevive da agricultura e dos programas sociais do governo federal e toda a receita anual do município em 2009, foi de apenas R$ 5,8 milhões.
Turmalina Paraíba
A pedra utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany que comercializam peças únicas por até R$ 1,5 milhão, nunca representou desenvolvimento para a região. O garimpeiro Pedro da Silva trabalha na extração do caulim de uma das minas da região que está desativada para a exploração de Turmalina. Ele recebe um salário mínimo, mas na esperança de encontrar a pedra, já conseguiu até R$ 2 mil lavando o rejeito e catando os pequenos fragmentos de turmalina.
Em meio ao risco de acidentes dentro das minas que possuem até 50 metros de profundidade e 40 de extensão, os garimpeiros se aventuram na retirada de rejeito, que compram por R$ 500, a carrada. Com o material, eles podem conseguir até R$ 2 mil, mas caso não consigam encontrar restos de turmalina, perdem o dinheiro empregado, que geralmente é a única economia que possuem.
Na cidade conhecida por conflitos e mortes no passado, o clima é de aparente calmaria. As informações são de que a reserva de turmalina se esgotou devido à extração patrocinada predominantemente por estrangeiros e responsáveis pela evasão de divisas para outros países.
Para mandar as gemas para fora do país, há informações de que os contrabandistas utilizam várias formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e outras partes do corpo.
A turmalina paraíba, considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha, distante 250 quilômetros de João Pessoa, em 1982. Por ser tão valiosa, a gema atraiu a atenção de garimpeiros e investidores, inclusive estrangeiros, que passaram a explorar o mineral de forma irregular.
De 1989 até hoje, estima-se que a exploração da pedra já tenha rendido aproximadamente US$ 50 milhões. Os maiores compradores de turmalina paraíba, são os japoneses, americanos e alemães.
Área possui apenas 3 garimpos legais
Em São José da Batalha coexistem garimpos legais e outros ainda não legalizados. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), apenas três possuem licenciamento do governo federal para funcionar, as demais atuam de maneira clandestina.
Para que possam explorar a turmalina paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal, uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM), uma espécie de royalty que representa um pequeno percentual da produção.
Após recolher o CEFM, a União divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao município, 23% ao Estado e 12% para União. Conforme dados do DNPM, nos últimos anos, as empresas não têm repassado os valores referentes aos impostos por não estarem conseguindo produção. Por outro lado, a autarquia recebe inúmeras denúncias de que ainda há exploração da pedra e que os proprietários estão sonegando impostos.
A prefeita de Salgadinho, Débora Morais, afirmou que a cidade nunca foi beneficiada com a exploração do mineral. Ela disse que se os garimpeiros pagassem os impostos pela terra que exploram, o município seria mais desenvolvido.
Evasão de divisas e degradação
Dentre as principais queixas da administração municipal, estão a evasão de divisas e a degradação ambiental, problemas que são reforçados pela falta de estrutura dos orgãos controladores para uma fiscalização mais efetiva. Sobre a exploração mineral, o orgão designado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para fazer a fiscalização, é o DNPM.
Contudo, em São José da Batalha é que a autarquia não tem conseguido monitorar as minas, entre eles, o número reduzido de funcionários. O DNPM em Campina Grande conta com apenas 12 funcionários, que se revezam para atender a demanda de todo o Estado.
De acordo com a superintendente do orgão, Marina Gadelha, o DNPM tem procurado fazer o possível para atender às necessidades de todo o Estado, mas as dificuldades são grandes. A autarquia federal que não dispõe de programa permanente de fiscalização ostensiva, depende muitas vezes de provocação por denúncias, para agir.
“Temos que atender em todas as regiões da Paraíba com apenas doze funcionários e sem muita estrutura, ai fica difícil dar assistência completa em todos os lugares”, completou superintendente.
Outro impasse que tem prejudicado a ação fiscalizadora do órgão é a reação na maioria dos casos, violenta dos garimpeiros das minas de turmalina Paraíba. Eles têm consciência de que é obrigação do DNPM fiscalizar a área, mas tentam evitar a presença dos fiscais, por estarem em alguns casos, agindo clandestinamente.
Para conter a ação dos exploradores ilegais, o DNPM conta com a participação da Polícia Federal. Ao identificar as irregularidades, a autarquia encaminha o caso à PF para que seja feita uma possível autuação.
Segundo o delegado da Polícia Federal da Delegacia de Campina Grande, Alexandre Paiva, existem vários inquéritos sendo apurados sobre a exploração irregular da turmalina Paraíba em São José da Batalha. Ele disse que a maioria dos casos, trata de questões de danos ambientais provocados pela pratica abusiva da exploração do mineral.
O delegado informou que quando o DNPM solicita a atuação da PF, é realizada uma investigação preliminar para identificar o caso e em seguida, é efetuada a prisão dos envolvidos em flagrante. Até hoje, a PF em Campina Grande não realizou nenhuma prisão relacionada ao tráfico da pedra, mas já recebeu muitas denúncias e que estão sendo investigadas.
“Mercado é muito fechado”
De acordo com Marcos Magalhães, gestor do projeto de Extração Mineral do Sebrae, o mercado de trabalho da turmalina é muito fechado, concentrado em apenas três propriedades no município de Salgadinho, e isto dificulta que haja estatísticas sobre a atividade.
“É difícil medir a extração do minério. Nas áreas de extração só entram pessoas credenciadas e até para o governo é difícil a fiscalização, porque como a pedra é muito valiosa, uma de tamanho pequeno é facilmente escondida no bolso”. Ele afirma que um quilate está avaliado em torno de U$S 20 mil e que a turmalina azul é a mais preciosa, mas há mais de 80 cores do minério.
Leia mais na edição deste domingo (25) do CORREIO.
Por Daniel Motta, Fernanda Souza e Thadeu Rodrigues, do CORREIO
Domingo, 25 de Julho de 2010 - 08h59
Contrabando de turmalina leva riquezas da Paraíba
No dicionário, a palavra batalha é sinônimo de combate, duelo, luta guerra, significados que estão no inconsciente dos paraibanos quando se fala no distrito de São José da Batalha, pertencente ao município de Salgadinho (a 245 quilômetros de João Pessoa).
A região é um dos recantos mais cobiçadas do mundo por mineradores, grandes empresas e contrabandistas, atraídos pela turmalina paraíba. Enquanto um grama da pedra pode custar R$ 50 mil, a maioria dos moradores da cidade sobrevive da agricultura e dos programas sociais do governo federal e toda a receita anual do município em 2009, foi de apenas R$ 5,8 milhões.
Turmalina Paraíba
A pedra utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany que comercializam peças únicas por até R$ 1,5 milhão, nunca representou desenvolvimento para a região. O garimpeiro Pedro da Silva trabalha na extração do caulim de uma das minas da região que está desativada para a exploração de Turmalina. Ele recebe um salário mínimo, mas na esperança de encontrar a pedra, já conseguiu até R$ 2 mil lavando o rejeito e catando os pequenos fragmentos de turmalina.
Em meio ao risco de acidentes dentro das minas que possuem até 50 metros de profundidade e 40 de extensão, os garimpeiros se aventuram na retirada de rejeito, que compram por R$ 500, a carrada. Com o material, eles podem conseguir até R$ 2 mil, mas caso não consigam encontrar restos de turmalina, perdem o dinheiro empregado, que geralmente é a única economia que possuem.
Na cidade conhecida por conflitos e mortes no passado, o clima é de aparente calmaria. As informações são de que a reserva de turmalina se esgotou devido à extração patrocinada predominantemente por estrangeiros e responsáveis pela evasão de divisas para outros países.
Para mandar as gemas para fora do país, há informações de que os contrabandistas utilizam várias formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e outras partes do corpo.
A turmalina paraíba, considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha, distante 250 quilômetros de João Pessoa, em 1982. Por ser tão valiosa, a gema atraiu a atenção de garimpeiros e investidores, inclusive estrangeiros, que passaram a explorar o mineral de forma irregular.
De 1989 até hoje, estima-se que a exploração da pedra já tenha rendido aproximadamente US$ 50 milhões. Os maiores compradores de turmalina paraíba, são os japoneses, americanos e alemães.
Área possui apenas 3 garimpos legais
Em São José da Batalha coexistem garimpos legais e outros ainda não legalizados. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), apenas três possuem licenciamento do governo federal para funcionar, as demais atuam de maneira clandestina.
Para que possam explorar a turmalina paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal, uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM), uma espécie de royalty que representa um pequeno percentual da produção.
Após recolher o CEFM, a União divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao município, 23% ao Estado e 12% para União. Conforme dados do DNPM, nos últimos anos, as empresas não têm repassado os valores referentes aos impostos por não estarem conseguindo produção. Por outro lado, a autarquia recebe inúmeras denúncias de que ainda há exploração da pedra e que os proprietários estão sonegando impostos.
A prefeita de Salgadinho, Débora Morais, afirmou que a cidade nunca foi beneficiada com a exploração do mineral. Ela disse que se os garimpeiros pagassem os impostos pela terra que exploram, o município seria mais desenvolvido.
Evasão de divisas e degradação
Dentre as principais queixas da administração municipal, estão a evasão de divisas e a degradação ambiental, problemas que são reforçados pela falta de estrutura dos orgãos controladores para uma fiscalização mais efetiva. Sobre a exploração mineral, o orgão designado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para fazer a fiscalização, é o DNPM.
Contudo, em São José da Batalha é que a autarquia não tem conseguido monitorar as minas, entre eles, o número reduzido de funcionários. O DNPM em Campina Grande conta com apenas 12 funcionários, que se revezam para atender a demanda de todo o Estado.
De acordo com a superintendente do orgão, Marina Gadelha, o DNPM tem procurado fazer o possível para atender às necessidades de todo o Estado, mas as dificuldades são grandes. A autarquia federal que não dispõe de programa permanente de fiscalização ostensiva, depende muitas vezes de provocação por denúncias, para agir.
“Temos que atender em todas as regiões da Paraíba com apenas doze funcionários e sem muita estrutura, ai fica difícil dar assistência completa em todos os lugares”, completou superintendente.
Outro impasse que tem prejudicado a ação fiscalizadora do órgão é a reação na maioria dos casos, violenta dos garimpeiros das minas de turmalina Paraíba. Eles têm consciência de que é obrigação do DNPM fiscalizar a área, mas tentam evitar a presença dos fiscais, por estarem em alguns casos, agindo clandestinamente.
Para conter a ação dos exploradores ilegais, o DNPM conta com a participação da Polícia Federal. Ao identificar as irregularidades, a autarquia encaminha o caso à PF para que seja feita uma possível autuação.
Segundo o delegado da Polícia Federal da Delegacia de Campina Grande, Alexandre Paiva, existem vários inquéritos sendo apurados sobre a exploração irregular da turmalina Paraíba em São José da Batalha. Ele disse que a maioria dos casos, trata de questões de danos ambientais provocados pela pratica abusiva da exploração do mineral.
O delegado informou que quando o DNPM solicita a atuação da PF, é realizada uma investigação preliminar para identificar o caso e em seguida, é efetuada a prisão dos envolvidos em flagrante. Até hoje, a PF em Campina Grande não realizou nenhuma prisão relacionada ao tráfico da pedra, mas já recebeu muitas denúncias e que estão sendo investigadas.
“Mercado é muito fechado”
De acordo com Marcos Magalhães, gestor do projeto de Extração Mineral do Sebrae, o mercado de trabalho da turmalina é muito fechado, concentrado em apenas três propriedades no município de Salgadinho, e isto dificulta que haja estatísticas sobre a atividade.
“É difícil medir a extração do minério. Nas áreas de extração só entram pessoas credenciadas e até para o governo é difícil a fiscalização, porque como a pedra é muito valiosa, uma de tamanho pequeno é facilmente escondida no bolso”. Ele afirma que um quilate está avaliado em torno de U$S 20 mil e que a turmalina azul é a mais preciosa, mas há mais de 80 cores do minério.
Leia mais na edição deste domingo (25) do CORREIO.
Por Daniel Motta, Fernanda Souza e Thadeu Rodrigues, do CORREIO
Estrangeiros contrabandeiam a Turmalina Paraíba de minas de Salgadinh
http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matLer.asp?newsId=140212
Segunda, 28 de Junho de 2010 - 14h58
Mineradores a serviço de poderosos grupos econômicos internacionais estão contrabandeando pedras preciosas de minas instaladas no município de Salgadinho, no Seridó da Paraíba.
A denúncia foi feita nesta segunda-feira (28) no programa CBN-João Pessoa, ancorado pelo jornalista Nonato Guedes, na Rádio CBN (Sistema Correio de Rádio).
Em entrevista a Nonato, a prefeita de Salgadinho, Débora Morais (PSDB), reportava-se às dificuldades inerentes aos municípios quando revelou o contrabando, que implica em imensuráveis prejuízos para a economia do município e do Estado.
Segundo ela, a pedra preferida dos traficantes é a Turmalina Paraíba, uma das mais preciosas do mundo.
A prefeita Débora Morais revelou que vai tentar solucionar o problema através da Justiça, embora essa exploração irregular já se arraste há mais de 40 anos e tem por trás pessoas e grupos poderosos.
Acrescentou que os impostos que deveriam ser pagos pela exploração do minério seriam de grande importância para o desenvolvimento do município e a melhoria de vida dos habitantes.
Ela explicou que os mineradores que exploram as minas e contrabandeiam as riquezas vêm de outros Estados brasileiros e de outros paises, “e não têm qualquer compromisso com o município”.
Wellington Farias
Segunda, 28 de Junho de 2010 - 14h58
Mineradores a serviço de poderosos grupos econômicos internacionais estão contrabandeando pedras preciosas de minas instaladas no município de Salgadinho, no Seridó da Paraíba.
A denúncia foi feita nesta segunda-feira (28) no programa CBN-João Pessoa, ancorado pelo jornalista Nonato Guedes, na Rádio CBN (Sistema Correio de Rádio).
Em entrevista a Nonato, a prefeita de Salgadinho, Débora Morais (PSDB), reportava-se às dificuldades inerentes aos municípios quando revelou o contrabando, que implica em imensuráveis prejuízos para a economia do município e do Estado.
Segundo ela, a pedra preferida dos traficantes é a Turmalina Paraíba, uma das mais preciosas do mundo.
A prefeita Débora Morais revelou que vai tentar solucionar o problema através da Justiça, embora essa exploração irregular já se arraste há mais de 40 anos e tem por trás pessoas e grupos poderosos.
Acrescentou que os impostos que deveriam ser pagos pela exploração do minério seriam de grande importância para o desenvolvimento do município e a melhoria de vida dos habitantes.
Ela explicou que os mineradores que exploram as minas e contrabandeiam as riquezas vêm de outros Estados brasileiros e de outros paises, “e não têm qualquer compromisso com o município”.
Wellington Farias
TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 1ª Parte
http://www.joiabr.com.br/gem/1006.html
Luiz Antônio Gomes da Silveira *
As turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba”, em alusão ao Estado onde foram primeiramente encontradas, causaram furor ao serem introduzidas no mercado internacional de gemas, em 1989, por suas surpreendentes cores até então jamais vistas.
A descoberta dos primeiros indícios desta ocorrência deu-se sete anos antes, no município de São José da Batalha, onde estas turmalinas, da espécie elbaíta, ocorrem na forma de pequenos cristais irregulares em diques de pegmatitos decompostos, encaixados em quartzitos da Formação Equador, de Idade Proterozóica, associadas com quartzo, feldspato alterado, lepidolita, schorlo (turmalina preta) e óxidos de nióbio e tântalo, ou bem em depósitos secundários relacionados.
Estas turmalinas ocorrem em vívidos matizes azuis claros, azuis turquesas, azuis “neon”(ou fluorescentes), azuis esverdeados, azuis-safira, azuis violáceos, verdes azulados e verdes-esmeralda, devidos principalmente aos teores de cobre e manganês presentes, sendo que o primeiro destes elementos jamais havia sido detectado como cromóforo em turmalinas de quaisquer procedências.
A singularidade destas turmalinas cupríferas pode ser atribuída a três fatores: matiz mais atraente, tom mais claro e saturação mais forte que os usualmente observados em turmalinas azuis e verdes de outras procedências.
Estes matizes azuis e verdes estão intimamente relacionados à presença do elemento cobre, presente em teores de até 2,38 % CuO, bem como a vários processos complexos envolvendo íons Fe2+ e Fe3+ e às transferências de carga de Fe2+ para Ti4+ e Mn2+ para Ti4+. Os matizes violetas avermelhados e violetas, por sua vez, devem-se aos teores anômalos de manganês. Uma considerável parte dos exemplares apresenta zoneamento de cor, conseqüência da mudança na composição química à medida que a turmalina se cristalizou.
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Estas minas passaram a produzir turmalinas cupríferas (Mina Mulungu com até 0,78 % CuO e Mina Alto dos Quinhos com até 0,69 % CuO) de qualidade média inferior às da Mina da Batalha, mas igualmente denominadas “Paraíba” no mercado internacional, principalmente por terem sido oferecidas muitas vezes misturadas à produção da Mina da Batalha. A valorização desta variedade de turmalina tem sido tão grande que, nos últimos anos, exemplares azuis a azuis esverdeados de excelente qualidade, com mais de 3 ct, chegam a alcançar cotações que superam os US$20.000/ct, no Japão.
Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350 oC e 550 oC. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”, sobre o qual trataremos no artigo do próximo mês.
Fontes:
Abduriyim, A., Kitawaki, H. Furuya, M. & Schwarz, D.: “Paraíba”-Type Copper-Bearing Tourmaline from Brazil, Nigéria and Mozambique: Chemical Fingerprinting by LA-ICP-MS (Gems & Gemology, Spring 2006, vol. 42, No 1, pags 04 a 21).
Dietrich, R. V.: The Tourmaline Group (Van Nostrand Reinhold, 1985).
Ferreira, J. A. M., Karfunkel, J. & Silva, L. T.: Turmaline Mit Ungewohnlich Intensiven Farben Von Salgadinho, Paraíba, Brasilien (Zeitschrift Der Deutschen Gemmologischen Gesellschaft, setembro 1990).
Fritsch, E., Shigley, J.E., Rossman, G.R., Mercer, M.E., Muhlmeister, S.M. & Moon, M.: Gem-Quality Cuprian-Elbaite Tourmalines from São José da Batalha, Paraíba, Brazil. (Gems & Gemology, Vol. 26, No. 3, Fall 1990, pag. 189 a 205).
Milisenda, C. C.: “Paraíba Turmaline” Aus Quintos de Baixo, Rio Grande do Norte, Brasilien (Zeitschrift Der Deutschen Gemmologischen Gesellschaft, setembro 2005).
Shigley, J. E.; Cook, B.C.; Laurs, B. M. & Bernardes, M. O.: An Update On “Paraíba” Tourmalina From Brazil. (Gems & Gemology, Winter 2001, Vol. 37, No 4, pags 260 a 276).
Smith, C.P., Bosshart, G. & Schwarz, D.: Gem News International: Nigeria As A New Source Of Copper-Manganese-Bearing Tourmaline. Gems & Gemology, Vol. 37, No. 3, Fall 2001, pag. 239 a 240.
Wilson, W. E.: Cuprian Elbaite From The Batalha Mine, Paraíba, Brazil. The Mineralogical Record, Vol. 33, No 2, pags 127 a 137, março / abril 2002.
Luiz Antônio Gomes da Silveira *
As turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba”, em alusão ao Estado onde foram primeiramente encontradas, causaram furor ao serem introduzidas no mercado internacional de gemas, em 1989, por suas surpreendentes cores até então jamais vistas.
A descoberta dos primeiros indícios desta ocorrência deu-se sete anos antes, no município de São José da Batalha, onde estas turmalinas, da espécie elbaíta, ocorrem na forma de pequenos cristais irregulares em diques de pegmatitos decompostos, encaixados em quartzitos da Formação Equador, de Idade Proterozóica, associadas com quartzo, feldspato alterado, lepidolita, schorlo (turmalina preta) e óxidos de nióbio e tântalo, ou bem em depósitos secundários relacionados.
Estas turmalinas ocorrem em vívidos matizes azuis claros, azuis turquesas, azuis “neon”(ou fluorescentes), azuis esverdeados, azuis-safira, azuis violáceos, verdes azulados e verdes-esmeralda, devidos principalmente aos teores de cobre e manganês presentes, sendo que o primeiro destes elementos jamais havia sido detectado como cromóforo em turmalinas de quaisquer procedências.
A singularidade destas turmalinas cupríferas pode ser atribuída a três fatores: matiz mais atraente, tom mais claro e saturação mais forte que os usualmente observados em turmalinas azuis e verdes de outras procedências.
Estes matizes azuis e verdes estão intimamente relacionados à presença do elemento cobre, presente em teores de até 2,38 % CuO, bem como a vários processos complexos envolvendo íons Fe2+ e Fe3+ e às transferências de carga de Fe2+ para Ti4+ e Mn2+ para Ti4+. Os matizes violetas avermelhados e violetas, por sua vez, devem-se aos teores anômalos de manganês. Uma considerável parte dos exemplares apresenta zoneamento de cor, conseqüência da mudança na composição química à medida que a turmalina se cristalizou.
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Estas minas passaram a produzir turmalinas cupríferas (Mina Mulungu com até 0,78 % CuO e Mina Alto dos Quinhos com até 0,69 % CuO) de qualidade média inferior às da Mina da Batalha, mas igualmente denominadas “Paraíba” no mercado internacional, principalmente por terem sido oferecidas muitas vezes misturadas à produção da Mina da Batalha. A valorização desta variedade de turmalina tem sido tão grande que, nos últimos anos, exemplares azuis a azuis esverdeados de excelente qualidade, com mais de 3 ct, chegam a alcançar cotações que superam os US$20.000/ct, no Japão.
Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350 oC e 550 oC. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”, sobre o qual trataremos no artigo do próximo mês.
Fontes:
Abduriyim, A., Kitawaki, H. Furuya, M. & Schwarz, D.: “Paraíba”-Type Copper-Bearing Tourmaline from Brazil, Nigéria and Mozambique: Chemical Fingerprinting by LA-ICP-MS (Gems & Gemology, Spring 2006, vol. 42, No 1, pags 04 a 21).
Dietrich, R. V.: The Tourmaline Group (Van Nostrand Reinhold, 1985).
Ferreira, J. A. M., Karfunkel, J. & Silva, L. T.: Turmaline Mit Ungewohnlich Intensiven Farben Von Salgadinho, Paraíba, Brasilien (Zeitschrift Der Deutschen Gemmologischen Gesellschaft, setembro 1990).
Fritsch, E., Shigley, J.E., Rossman, G.R., Mercer, M.E., Muhlmeister, S.M. & Moon, M.: Gem-Quality Cuprian-Elbaite Tourmalines from São José da Batalha, Paraíba, Brazil. (Gems & Gemology, Vol. 26, No. 3, Fall 1990, pag. 189 a 205).
Milisenda, C. C.: “Paraíba Turmaline” Aus Quintos de Baixo, Rio Grande do Norte, Brasilien (Zeitschrift Der Deutschen Gemmologischen Gesellschaft, setembro 2005).
Shigley, J. E.; Cook, B.C.; Laurs, B. M. & Bernardes, M. O.: An Update On “Paraíba” Tourmalina From Brazil. (Gems & Gemology, Winter 2001, Vol. 37, No 4, pags 260 a 276).
Smith, C.P., Bosshart, G. & Schwarz, D.: Gem News International: Nigeria As A New Source Of Copper-Manganese-Bearing Tourmaline. Gems & Gemology, Vol. 37, No. 3, Fall 2001, pag. 239 a 240.
Wilson, W. E.: Cuprian Elbaite From The Batalha Mine, Paraíba, Brazil. The Mineralogical Record, Vol. 33, No 2, pags 127 a 137, março / abril 2002.
Assinar:
Postagens (Atom)